Graça, Green God, Lisboa, 2016
Ar, Green God, Lisboa, 2016
Fontes, Green God, Lisboa, 2016
Ervas, Green God, Lisboa, 2016
Braços, Green God, Lisboa, 2016
Ritmo, Green God, Lisboa, 2016
Troncos, Green God, Lisboa, 2016
Green God
(ou
Do Realismo ao Onirismo)
 
Do acaso, da vontade, da confusão, da disciplina e de alguma ansiedade, desenha-se um projecto. No início não havia o verbo, apenas os limites: espaço e tempo. O tempo é o último dia de Maio, e o espaço - quis esse acaso de que falo - é o Parque do Monteiro-Mor no Museu Nacional do Traje.
 
Assim, procurei as imagens onde gosto de as procurar, em ambiente tranquilo e na Natureza. Explorei, primeiro com alguma displicência, depois com a impetuosidade de quem sabe que tem um projecto a fazer mas ainda não sabe bem que direcção tomar, cada canto do Parque: a mata, o prado, os bosques, os jardins, os canteiros, o roseiral, as hortas, os relvados, os cursos de água, os tanques, as fontes, os lagos, os canteiros, as escadas, os caminhos, os bancos. E em cada canto procurei luz, sombras, cor, reflexos, projecções, ângulos, vectores... E com tantas imagens nas mãos estabelece-se o caos. Chegou por isso a hora do recuo, da reflexão e do silêncio.
 
A memória activa-se, as relações entre imagens e o nosso património cultural e afectivo estabelecem-se, e daí surgem ideias, mas surge sobretudo uma vontade de deambular pelo parque de uma forma menos intencional e mais intimista. Deixar-me seduzir pelo verde das folhas novas da Primavera, ou pelas flores que se viram para o sol, parar para ouvir o barulho dos cursos de água, ver na superfície da água dos lagos e dos tanques o movimento dos reflexos causados pela força do vento. No momento seguinte, mais do que 'perder-me no Parque', eu ‘perco o Parque’, e as minhas imagens, seguindo esse reflexo, tornam-se mais abstractas e o Parque deixa de ser imediatamente identificado.
 
As imagens de Thomas Struth New Pictures from Paradise são fonte imediata de inspiração, mas sinto as minhas imagens mais oníricas com uma dinâmica menos imponente e estática. Elas revelam um verde mais novo e brilhante de uma Primavera acabada de chegar, e um ambiente mais frágil e poético. Eugénio de Andrade impõe-se como a outra fonte de inspiração imediata. O movimento dos ramos das árvores, o ruído dos riachos, as folhas jovens que tremem ao vento são ambiente propício ao Green God, que, mesmo que não o vejamos, sabemos que passou por lá.
 
A História da Arte diz-nos que os Deuses vencem quase sempre. Na batalha das decisões sobre este projecto, também eles venceram.
 
Joana Carvalho Dias
Lisboa, 27 de Maio de 2016
Green God
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Green God

Trabalho Final do Curso Profissional de Fotografia do IPF (Instituto Português de Fotografia) de Lisboa.

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